Circular nº. 135/09.

Às vezes é preciso andar muito para chegar ao lugar de onde não deveríamos ter saído. Talvez seja uma questão de ponto de vista, talvez de ponto de fuga, certamente uma questão de “com que máscara eu vou ao baile que você me convidou?”. Convenhamos, a vida não é nenhum carnaval de Veneza, e logo abaixo da face, de epiderme ou celulose, convivem os paradoxos, que podem ser como larvas devorando carne, e me desculpe, mas protetor solar não vai ajudar muito a essa hora da noite. É preciso respirar, tirar a mascara e respirar com todos os poros. Às vezes é melhor sair do lugar, mesmo com a certeza de que não terá para onde voltar...

Papel x Plástico 3

Papel x Plástico 2

Filosofia de ônibus.

Sempre encontro no ônibus com um filósofo, não grego, mas grogue, o Pancinha, hoje ele me disse: “deus inventou a dor, o homem inventou a anestesia, e o diabo afere os lucros”. E eu, muitos quilômetros abaixo da linha do equador, confiro disfarçadamente meus psicotrópicos no bolso. Comprimidos coloridos e cheios de promessas, sem problema, eu também minto às vezes. Ele: “segundo o princípio da incerteza de Heisenberg é impossível estar no lugar certo na hora certa”. Seguro de que não quero morrer de velho, mas sim viver de novo, desci no primeiro ponto. Outra cabeça a mesma sentença. Esperemos que nosso filósofo chegue a seu destino. Mas há destino?